O controle estatístico de qualidade (CEQ) caminha lado a lado com o controle estatístico de processos (CEP).
Afinal, se a qualidade depende de processos bem coordenados, é preciso que ambos sejam também sujeitos a algum tipo de controle.
Na indústria de transformação, esse é o meio para assegurar que diferentes lotes de produtos saiam das linhas de produção em condições idênticas.
Sem um controle efetivo nesse sentido, seria muito fácil se perder e não conseguir manter um padrão de qualidade.
Pois é para que isso não aconteça que existe o CEQ e seu “irmão”, o CEP.
Neste artigo, vamos entender melhor como funciona o primeiro e quais as suas aplicações em processos industriais em geral.
Acompanhe!
O que é controle estatístico de qualidade?
Controle estatístico de qualidade é a aplicação de técnicas e ferramentas estatísticas para garantir que um processo produtivo seja sempre uniforme.
Seu objetivo é estabelecer um padrão de qualidade, de modo que determinada linha de produtos fabricada em série mantenha certos atributos desejados.
Do contrário, o risco de haver desvios, inconsistências e inconformidades a cada lote fabricado seria muito grande, tendo em vista os desafios da produção em linha.
Se não fosse assim, como assegurar que os produtos fabricados hoje por uma célula de produção sejam exatamente iguais aos da semana passada?
Para que serve o controle estatístico de qualidade?
A garantia da uniformidade dos processos é apenas uma das muitas funções do CEQ.
Sendo a qualidade um princípio para a melhoria contínua, o controle serve também como uma referência em relação ao que pode ser feito para implementar avanços.
Digamos que uma indústria pretende melhorar seus processos de fabricação e, para isso, pretende instalar um novo equipamento.
Como ela poderia fazer isso sem comprometer a qualidade do que está sendo feito, no menor tempo possível e com a garantia de que o resultado final será ainda melhor?
O CEQ ajuda a minimizar os riscos de uma ação de melhoria, já que, com ele, a empresa terá um registro de seus processos, podendo assim intervir sobre eles com conhecimento de causa.
Ferramentas de controle estatístico da qualidade
Assim como um veículo precisa de instrumentos para controle da direção, não se faz controle de qualidade sem certas ferramentas essenciais.
Elas servem para medir resultados e organizar a informação disponível sobre um processo, de modo que ele possa ser monitorado e aperfeiçoado.
Imagine, por exemplo, a quantidade de parâmetros que a Toyota precisa avaliar em seus carros para que eles saiam das linhas de montagem dentro do padrão esperado.
Com tantos atributos por analisar, seria um tremendo risco mandar os veículos para os pontos de venda sem antes utilizar certas ferramentas para aferir sua qualidade.
Veja abaixo alguns exemplos:
Carta de controle
A carta de controle é uma das ferramentas mais emblemáticas do controle estatístico da qualidade.
Criada por Walter A. Shewhart, ela permite visualizar a variação de um processo ao longo do tempo, por meio de três linhas principais: a linha média (LM) e os limites superior e inferior de controle (LSC e LIC).
A análise dos dados em relação a essas linhas permite identificar padrões, detectar anomalias e tomar decisões com base em evidências numéricas e visuais claras.
Folha de verificação
A folha de verificação é um modelo de checklist usado para organizar a coleta de dados durante as inspeções e processos de controle.
Sua simplicidade é justamente sua maior vantagem: com ela, é possível identificar com facilidade a frequência de defeitos, falhas ou outros eventos críticos.
Os dados coletados podem ser posteriormente tabulados e analisados com outras ferramentas estatísticas.
Essa padronização auxilia no monitoramento de processos repetitivos e na visualização de padrões de não conformidade.
Fluxograma
O fluxograma é uma ferramenta visual que representa graficamente as etapas de um processo.
Ele permite compreender o caminho percorrido por um produto ou serviço, identificando os pontos críticos e as possíveis fontes de variação.
Utilizá-lo em conjunto com outras ferramentas de qualidade facilita a comunicação entre setores e aumenta a compreensão coletiva sobre as atividades.
Além disso, o fluxograma é útil para padronizar procedimentos e apoiar o desenho de processos mais eficientes e livres de falhas.
Diagrama de causa e efeito
Também conhecido como Diagrama de Ishikawa ou espinha de peixe, o Diagrama de Causa e Efeito tem como objetivo identificar, categorizar e analisar as causas de um problema.
Ele organiza os fatores que influenciam um resultado em grandes grupos (como métodos, materiais, mão de obra e máquinas), facilitando o raciocínio lógico e o trabalho em equipe.
Ao ser usado em reuniões de análise da qualidade, o diagrama ajuda a estruturar a investigação das origens de falhas e a planejar ações corretivas mais eficazes.
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Como fazer o controle estatístico de qualidade?
Um dos principais desafios enfrentados pela indústria desde sempre é prever e controlar a variabilidade de um processo de fabricação.
Nesse aspecto, Walter A. Shewhart, o pai do controle estatístico de qualidade, percebeu que existem dois tipos de causas: as “normais”, que acompanham todo processo, e as “externas”, que fogem à normalidade do dia a dia.
Foi assim que ele criou os gráficos de controle, nos quais a qualidade é medida por meio de três linhas.
No meio, a linha média (LM) representa a zona segura, que indica que um processo está em conformidade, e nas extremidades estão a linha superior e inferior de controle (LSC e LIC).
A partir desse exemplo, é possível controlar a qualidade de qualquer processo que possa ser medido em números, como descrito no passo a passo a seguir.
1. Defina o parâmetro a ser medido
Tudo começa pela definição do objeto a ser estudado pelo controle de qualidade.
Imagine, por exemplo, uma peça dentro de um processo produtivo.
Para que ela se encaixe na engrenagem que vier a compor, ela precisará atender a certos padrões de medida, certo?
O mesmo poderia se aplicar na fabricação de um alimento, no qual devem ser adicionados certos ingredientes em quantidades específicas e muito precisas.
2. Colete e organize os dados
Sabendo o que precisa ser controlado e que tipos de parâmetros serão alvo do CEQ, será necessário garantir os dados a serem usados para realizar esse controle.
Considere que, no gráfico de controle usado por Shewhart, uma peça tenha como LM o valor de 35 mm, com 45 mm para a LSC e 25 mm para a LIC.
A partir desses parâmetros, você só vai precisar conhecer as dimensões das peças produzidas para avançar no CEQ.
3. Registre tudo que será feito
Um ponto muito importante em qualquer método de controle é jamais deixar de lado o necessário registro de todas as atividades.
Esse registro será indispensável para implementar as ações posteriormente definidas e para estabelecer um comparativo em ações de controle futuras.
4. Desenhe um plano de ação
Tendo os parâmetros de controle definidos, os dados coletados e o registro das ações garantido, é hora de tomar decisões.
Considere que, em uma rotina de controle, você tenha observado que 34% das peças apresentam variabilidade de mais de 10 mm em suas medidas, para menos.
Sabendo disso, o que deve ser feito para restaurar os padrões normais de variação e as dimensões esperadas?
5. Execute o plano
Uma vez que se saiba o que está fora de conformidade, é hora de finalmente executar as ações necessárias para a adequação aos padrões de qualidade.
Lembre-se sempre de manter um registro de tudo que for feito, da forma mais detalhada possível, para que possa acontecer uma revisão precisa do CEQ.
6. Faça a revisão das ações
O controle de qualidade não pode tolerar o erro, por menor que seja a margem.
Ele deve apontar com precisão milimétrica todos os parâmetros usados para medir a qualidade de um processo, devendo por isso ser revisado sistematicamente.
A revisão das ações pode ser feita com uma folha de verificação, que nada mais é do que um checklist para confirmar se todas as etapas do CEQ foram seguidas à risca.
7. Siga aperfeiçoando
Os processos estão sujeitos a falhas o tempo todo, a despeito do controle que se faça.
Afinal, os métodos podem ser perfeitos, mas as pessoas não.
Por isso, a única forma de minimizar os riscos de falha humana é manter os processos em um permanente regime de aperfeiçoamento.
Foi assim que a indústria mundial se reergueu nos anos de 1950, principalmente na Europa e Japão, onde a guerra arruinou os parques industriais dos países envolvidos.
Não por acaso, a filosofia Kaizen de melhoria contínua rapidamente se propagou em todas as atividades produtivas, tendo em vista os resultados acima da média proporcionados.
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Quais os benefícios do controle estatístico de qualidade?
O controle estatístico de qualidade vai além de garantir uniformidade. Ele traz vantagens que impactam diretamente a eficiência, os custos e a reputação da empresa.
Entenda os principais benefícios abaixo.
- Redução de desperdícios: ao identificar variações fora do padrão, o CEQ evita retrabalhos e perdas de matéria-prima.
- Mais previsibilidade na produção: processos sob controle geram menos surpresas e facilitam o planejamento industrial.
- Tomada de decisão baseada em dados: com registros confiáveis, as decisões passam a ser fundamentadas em evidências, e não em suposições.
- Agilidade na identificação de falhas: o uso de gráficos e ferramentas estatísticas acelera o reconhecimento de desvios e corrige erros rapidamente.
- Melhoria contínua estruturada: com dados históricos organizados, é possível acompanhar a evolução dos processos e planejar melhorias com mais precisão.
- Fortalecimento da imagem da empresa: organizações que mantêm um padrão elevado de qualidade aumentam sua credibilidade perante o mercado.
Conclusão
O controle estatístico de qualidade é indispensável para a indústria porque, como vimos, sem ele não seria possível estabelecer parâmetros seguros de produção.
Além das ferramentas necessárias para realizar esse tipo de controle, é preciso também ser um profissional qualificado para operá-las.
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