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Lean Enterprise: Gestão Lean como começar a mudança organizacional na sua empresa

É muito difícil para uma organização que não segue pelo menos parte dos princípios da Lean Enterprise competir no mercado atual.

Quem costuma ler os artigos de nosso blog sabe bem como a filosofia Lean torna uma companhia mais competitiva, aumentando a eficiência de sua produção sem perdas na qualidade da entrega final.

Desse jeito, todo mundo ganha: a empresa aumenta suas vendas e melhora a sua reputação, enquanto o cliente recebe um produto ou serviço de qualidade por um bom preço.

Sem contar que o engajamento dos colaboradores tende a ser maior, por trabalharem em uma organização produtiva, eficiente e com a cultura de melhoria contínua.

Mas não há como chegar a esse estágio sem se debruçar nos conceitos da Lean Enterprise.

Afinal, de nada adiantaria começar a aplicar as ferramentas da metodologia enxuta sem uma boa base conceitual.

É isso que procuramos apresentar neste artigo.

Você vai saber o que é Lean Enterprise, quais seus princípios, a relação com o Lean Manufacturing, dicas para implementação e mais.

Boa leitura!

O que é uma Lean Enterprise?

O que é uma Lean Enterprise?

Lean Enterprise é uma organização que possui um modelo de gestão enxuta, no qual o grande objetivo é a redução de desperdícios.

Segundo esse modelo, os componentes e processos que não resultam em maior valor agregado ao produto ou serviço produzido pela organização são supérfluos.

A mentalidade da Lean Enterprise orienta o máximo aproveitamento dos recursos disponíveis, de modo que nenhuma atividade deve existir se não for claro o valor que ela gera à companhia.

Traduzindo o termo literalmente, Lean Enterprise quer dizer empresa enxuta.

O nome vem da conhecida metodologia de produção Lean Manufacturing, sobre a qual falaremos melhor mais adiante.

Além de enxuta, a Lean Enterprise é uma empresa integrada, na qual não se olha apenas para o setor de produção para buscar oportunidades de redução de desperdícios.

Considera-se a interação entre o relacionamento com os clientes, o desenvolvimento de produtos e serviços, o suporte a esses produtos e serviços, o operacional, os fornecedores e as áreas administrativas (financeiro, recursos humanos, jurídico, marketing, etc.).

O que acontece em qualquer um desses setores tem impacto nos demais, por isso, atacar os desperdícios de apenas uma área é um trabalho incompleto.

Embora hoje seja algo mais amplo, os princípios da Lean Enterprise remetem ao Sistema Toyota de Produção, originado no Japão após a Segunda Guerra Mundial.

Décadas depois e em um mundo com relativa paz, seguir a ideia de empresa enxuta ainda é uma das melhores maneiras de obter sucesso com um empreendimento.

Conceitos da Lean Enterprise

Conceitos da Lean Enterprise

Os economistas James Womack e Daniel Jones foram os responsáveis por popularizar a filosofia Lean no mundo.

No livro A Mentalidade Enxuta nas Empresas – Elimine o Desperdício e Crie Riqueza, uma Lean Enterprise é guiada pelos seguintes princípios.

Valor: as características que agregam valor a um produto ou serviço são aquelas que transformam positivamente a maneira na qual os clientes finais o enxergam. A empresa enxuta, portanto, precisa estar sempre de olho nos desejos e necessidades do cliente

Fluxo de valor: é a linha do tempo com o ciclo de vida de um produto ou serviço. O fluxo de valor começa com a aquisição da matéria-prima, passa pela fabricação das mercadorias e pelo armazenamento no estoque, terminando na entrega ao consumidor final

Fluxo contínuo: caso algum processo do fluxo de valor esteja parado ou ineficiente, considera-se que há um desperdício, que atrapalha a criação de valor para o cliente

Produção puxada pelo cliente: uma das grandes inovações da Toyota foi alinhar a produção de acordo com a demanda. A Lean Enterprise só produz se houver pedidos de compra ou um claro indício de demanda. Assim, o estoque se mantém eficiente e evita-se o desperdício com produtos parados

Busca pela perfeição: este é o princípio que orienta que qualquer elemento dos processos da empresa que resulte em um produto de qualidade inferior precisa ser completamente eliminado.

Quais os principais benefícios da Lean Enterprise

Quais os principais benefícios da Lean Enterprise

Ainda está em dúvida se vale a pena ou não adotar os conceitos e práticas Lean Enterprise?

A seguir, apresentamos alguns dos principais benefícios, que podem ser observados em empresas de qualquer área.

Confira!

Gestão simplificada

Em uma empresa que segue a filosofia Lean, os processos devem estar muito bem definidos e padronizados.

Esse modelo reduz os desperdícios, pois todas as atividades são modeladas e aperfeiçoadas para que se chegue na fórmula mais eficiente para cada uma delas.

Além disso, torna a gestão muito mais simplificada, pois há menos indefinição e desorganização na rotina de trabalho.

Redução dos custos

Acabar com o desperdício de dinheiro em uma empresa é uma meta abrangente demais, que não deixa claro o que deve ser feito para aumentar a eficiência.

Por isso, a Lean Enterprise foca em tipos específicos de desperdícios. Quando eles são reduzidos, é natural que se gaste menos dinheiro também.

O que pode resultar em um melhor preço de venda para o cliente final ou, então, em uma maior margem de lucro.

Aumento na produção

Especificamente no setor produtivo, a redução de desperdícios permite aumentar a produção consumindo a mesma quantia de recursos de antes, o que é característico de empresas eficientes.

Mas fique atento: o próprio Lean ensina que a produção só deve aumentar caso haja comprovadamente uma demanda para dar vazão a ela.

O problema é que muitas empresas diagnosticam essa demanda, porém precisam de grandes investimentos (contratação e mais funcionários, compra de máquinas e/ou construção de uma nova fábrica, por exemplo) para dar conta de atendê-la.

O combate aos desperdícios é uma maneira de atender essa demanda extra apenas com um modelo de gestão mais inteligente.

Satisfação dos clientes

Não se engane: em uma Lean Enterprise, a redução de custos, o aumento na produção e a simplificação da gestão não prejudicam a qualidade do produto final.

Se alguma coisa muda, é para melhor, com a cultura da melhoria contínua e o foco nas necessidades do cliente.

Caso o Lean Manufacturing seja combinada com o Six Sigma (resultando na metodologia Lean Six Sigma), há ainda a redução de defeitos, o que também aumenta a satisfação e ajuda a diminuir as queixas dos consumidores.

Colaboradores engajados

Outra falsa ideia é que o combate contínuo aos desperdícios resulta em um ambiente de trabalho de excessiva cobrança, que sufoca os colaboradores.

A realidade é bem diferente disso.

Os princípios do Lean acabam é aumentando a motivação e o engajamento dos funcionários.

Isso acontece porque eles têm uma rotina mais organizada e enxergam melhor os resultados de seu trabalho.

Lean Enterprise e Lean Manufacturing

Lean Enterprise e Lean Manufacturing

Em 1990, os já citados James Womack e Daniel Jones lançaram, junto com Daniel Roos, o livro A Máquina que Mudou o Mundo.

Foi aí que o modelo da Toyota no pós-guerra passou a ser conhecido como Lean Manufacturing, ou manufatura enxuta.

O sistema surgiu no contexto da economia japonesa devastada e em reconstrução após a derrota na guerra.

Os engenheiros da Toyota entenderam que era necessário ter um estoque baixo, alinhado com a demanda, e fluxo de caixa curto, para diminuir os riscos.

A partir dessa premissa, os japoneses começaram a criar uma série de métodos para promover a melhoria contínua e a redução de desperdícios na indústria automobilística.

Administradores, gestores e engenheiros de outras empresas notaram que os mesmos conceitos e ferramentas podiam ser aplicados com sucesso em indústrias de ramos diferentes.

E foi assim que o Lean Manufacturing passou a ganhar o mundo.

Acontece que hoje vivemos em uma era pós-industrial, em que o setor de serviços tem sido cada vez mais protagonista na economia mundial.

Além de empregar muito mais gente, movimenta grandes cifras.

Se, em outras décadas, as grandes indústrias multinacionais eram as corporações mais conhecidas do planeta, hoje, são startups.

Se elas não se organizam como fábricas, com linhas de produção, será que os conceitos do Lean Manufacturing têm a ver com seu contexto?

O entendimento é que a filosofia Lean é mais abrangente do que se pensa, e mesmo em uma indústria pode ser aplicada em outras áreas que não apenas a produção.

É aí que entra o termo Lean Enterprise, para caracterizar uma companhia que segue os princípios da gestão enxuta sem necessariamente atuar no setor industrial.

Há inclusive autores que estruturam o pensamento Lean em metodologias específicas, como Eric Ries, autor de A Startup Enxuta (Lean Startup), um conjunto de práticas direcionadas para as empresas de tecnologia e inovação.

Lean Enterprise e a Metodologia Ágil

A metodologia ágil é um conjunto de práticas que se tornou popular em empresas de tecnologia da informação, especialmente em projetos de desenvolvimento de softwares.

Ela orienta a formação de equipes multidisciplinares, que trabalham de forma colaborativa e com bom nível de autonomia.

Um dos pilares da metodologia ágil são os ciclos curtos de desenvolvimento, homologação e testes.

Em vez do modelo antigo, em castaca, no qual cada etapa tem início, meio e fim, e a fase seguinte depende da conclusão da anterior, o projeto é gerido em forma de espiral.

Desse jeito, o risco de retrabalho é minimizado, pois não é preciso esperar a entrega final para que o produto seja testado.

Na gestão de projetos em cascata, problemas após a entrega podem resultar em uma repetição de todas as etapas anteriores.

Com a metodologia ágil, as etapas (ciclos) têm maior independência.

Elas são mais curtas e também são testadas assim que concluídas e ajustadas rapidamente para não comprometer o restante do trabalho.

Da mesma forma que as práticas do Lean Manufacturing vão além da indústria, os princípios da metodologia ágil vão além do desenvolvimento de softwares, podendo ser aplicados em empresas de diversos setores.

O casamento com as práticas de uma Lean Enterprise é perfeito, pois esse modelo de gestão de projetos reduz o desperdício causado pelo retrabalho, também melhora os processos e ainda aumenta a eficiência e a produtividade dos colaboradores.

Como começar a mudança organizacional na sua empresa?

Se você quer transformar sua empresa em uma Lean Enterprise, o primeiro passo é compreender que se trata, antes de tudo, de uma mudança cultural.

Conforme você se aprofunda nos métodos japoneses e em outras técnicas utilizadas atualmente em modelos de gestão enxuta, consegue compreender que há uma mentalidade a ser absorvida.

É uma maneira de pensar orientada à redução de desperdícios, padronização e simplificação de processos e melhoria contínua.

É importante pensar em ações que ajudem a disseminar essa mentalidade entre os funcionários de todos os níveis hierárquicos.

Claro que a mudança de cultura precisa da prática.

Assim, os gestores e colaboradores devem aprender a aplicar as ferramentas usadas no modelo de gestão da Lean Enterprise.

É preciso se familiarizar com termos como:

JIT (Just in Time)

Kaizen

Kanban

5S

Poka Yoke

Análise de gargalos

Takt Time

Fluxo contínuo

Heijunka

Gemba Walk

Muda

Andon

Análise de causa raiz

Trabalho padronizado

Seis grandes perdas

Jidoka

Hoshin Kanri

MPT (Manutenção Produtiva Total).

Neste artigo, você aprende mais sobre essas ferramentas.

O conhecimento aprofundado para aplicá-las de fato, porém, é adquirido em cursos de capacitação. Recomendamos as formações da Escola EDTI.

Quando mais funcionários puderem obter o conhecimento a partir desses cursos, melhor.

Avançando na implementação do modelo de Lean Enterprise, devem ser mapeados os processos que, na empresa em questão, enquadram-se nas oito categorias de desperdício combatidas no Lean Manufacturing.

São eles:

Defeitos

Transporte excessivo

Estoque excessivo

Espera

Movimentação excessiva

Superprodução

Processamento excessivo

Desperdício de habilidades.

Não há como identificar desperdícios nenhum, porém, sem o estabelecimento de métricas, KPIs, metas e o monitoramento de performance, é claro.

Trabalhar para construir um modelo de gestão data driven, ou seja, no qual as decisões são orientadas por dados, é talvez o passo mais importante para se tornar uma Lean Enterprise.

Caso contrário, a identificação dos desperdícios e avaliação das ações de melhoria ficarão na base do “achômetro”.

Por último, mas não menos importante, não esqueça que a definição dos KPIs e das metas, a avaliação da performance e as melhorias propostas devem sempre se submeter aos objetivos estratégicos da empresa.

A filosofia Lean, afinal de contas, não é um objetivo em si próprio, mas uma ferramenta que ajuda qualquer companhia a alcançar os resultados desejados com maior rapidez, eficiência e qualidade.

Lean Enterprise: 4 Livros para Entender

A leitura deste texto é uma boa introdução ao universo das empresas enxutas.

Para se aprofundar mais no assunto, no entanto, recomendamos que siga consumindo conteúdos.

A seguir, apresentamos dicas de livros para você se aperfeiçoar na metodologia Lean Manufacturing e sua aplicação em empresas de diferentes áreas.

A Máquina que Mudou o Mundo

É o livro que cunhou o termo Lean Manufacturing para se referir ao Sistema Toyota de Produção, e ajudou a disseminar a metodologia para empresas do mundo todo.

Os autores James Womack, Daniel Jones e Daniel Roos, basearam-se no International Motor Vehicle Program, estudo do Massachusetts Institute of Technology (MIT) sobre a indústria automobilística que custou milhões de dólares.

O Sistema Toyota de Produção: Além da Produção em Larga Escala

O engenheiro japonês Taiichi Ohno, autor deste livro, é o criador do Sistema Toyota de Produção, um dos modelos mais influentes da história da indústria.

Não por acaso, é reconhecido como um dos gurus da qualidade.

Seu livro trata das necessidades das empresas, conta sobre a evolução do sistema da Toyota, fala sobre desenvolvimento ulterior, aborda o sistema Ford e dá dicas de como sobreviver a períodos de crescimento econômico lento.

Lean Enterprise – Como Empresas de Alta Performance Inovam em Escala

Escrito por Jez Humble, Joanne Molesky e Barry O’Reilly, o livro traz os conceitos do Lean Manufacturing para a economia digital em que vivemos hoje.

A obra é um guia com linguagem bastante acessível, que torna muito fácil entender como aplicar a filosofia Lean para vencer no mercado e desenvolver as capacidades dos funcionários.

A Startup Enxuta

O empreendedor Eric Ries bebeu da fonte do Lean Manufacturing para criar uma abordagem que chamou de Lean Startup (startup enxuta).

Inspirada também em métodos de desenvolvimento ágil e no design thinking, a metodologia proposta por Ries ajuda empresas de tecnologia a serem rápidas e eficientes na entrega de valor aos clientes.

Conclusão

Do jeito que as coisas estão no mercado competitivo atual, a busca pela máxima eficiência não é um capricho, uma faceta perfeccionista do administrador, mas sim questão de sobrevivência.

Alguns engenheiros japoneses já sabiam disso no fim da década de 1940, quando começaram a desenvolver uma metodologia revolucionária que viria a ser conhecida como Lean Manufacturing.

O modelo de produção sob demanda, com estoque baixo e ações para redução de desperdício, mostrou-se um sucesso.

Afinal, a Toyota, empresa onde o sistema foi desenvolvido, é reconhecida como uma das principais fabricantes de automóveis do planeta.

Seus ensinamentos de gestão ganharam o mundo e, hoje, são replicados não apenas em indústrias, mas em empresas que prestam serviços de consultoria, desenvolvem softwares e tantas outras especialidades.

Pois a mentalidade de utilizar com inteligência os recursos disponíveis vale para absolutamente qualquer atividade.

Pronto para experimentar esses ensinamentos na sua empresa?

Navegue pelo nosso blog para saber mais sobre o Lean e outras metodologias, como o Six Sigma. E não deixe de conferir os cursos presenciais e EAD da Escola EDTI.

Caso tenha alguma dúvida ou sugestão, deixe um comentário abaixo ou entre em contato conosco.

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